Brasil: Uma realidade futurista ou um imbrólio incapaz de desenvolver crescimento sustentável?
- Paulo Corner

- 24 de nov.
- 3 min de leitura
A Colcha de Retalhos, com furos e nós, uma vasta região demográfica e um amontoado de gente

Em italiano, a palavra "imbroglio" significa confusão, atrapalhação, enredo complicado ou trapaça. A palavra é usada para descrever uma situação complexa e confusa, um emaranhado de problemas ou até mesmo um engano.
Enredos muito complexos requerem entendimento apurado, atenção, foco, uma dose de malícia e até mesmo sarcasmo.
O Brasil reúne condições geográficas, populacionais e produtivas raras, porém historicamente limitadas por entraves estruturais que restringiram sua ascensão no comércio global. Apesar de possuir território continental, recursos naturais abundantes e o seu forte setor agroexportador, fatores como uma logística onerosa, complexidade tributária e baixa integração internacional impediram sua consolidação como potência comercial definitiva.
Aliado a isto, sempre carregamos conosco uma espécie de sentimento social nocivo, capaz de destruir reputações, amizades, famílias, regionalizando cultura e excluindo o que não “se parece mais conosco”. No fim, não temos história, fazemos de tudo para destruir nossa identidade.
Somos o “país do futuro” desde os anos 1970. Nunca saímos do “se”.
2025 - Onde estamos?
O país já atua como potência em setores como agronegócio, mineração e energia. Porém, sua participação no comércio global permanece abaixo de 1,5%. A indústria nacional demonstra sinais de recuperação em setores estratégicos, mas ainda enfrenta desafios competitivos internacionais.
Dentre os problemas e entraves, podes citar:
Custo logístico elevado e dependência do modal rodoviário.
Sistema tributário complexo e oneroso.
Baixa adesão a acordos internacionais relevantes.
Produtividade industrial reduzida e insuficiência tecnológica.
Indicadores Atuais (2025)
Indicador | Valor Atual | Fonte / Observação |
Participação no comércio global | 1,5% | OMC / Estimativa 2025 |
Ranking global de exportações | 27º | UNCTAD |
Custo logístico como % do PIB | 12 a 15% | CNI |
Tempo médio de liberação aduaneira | 44 horas (DU-E) em média | Receita Federal |
Exportações anuais | US$ 350 bi | MDIC / ComexStat |
Projeções do Comércio Exterior Brasileiro (2030 a 2050)
As projeções abaixo consideram três cenários: Conservador, Moderado e Acelerado, incluindo impacto da reforma tributária, investimentos logísticos e acordos internacionais.
Ano | Cenário Conservador | Cenário Moderado | Cenário Acelerado | Participação estimada no comércio global |
2030 | US$ 420 bi | US$ 500 bi | US$ 600 bi | 1,8% – 2,4% |
2035 | US$ 470 bi | US$ 580 bi | US$ 720 bi | 2,0% – 2,8% |
2040 | US$ 510 bi | US$ 650 bi | US$ 850 bi | 2,3% – 3,5% |
2045 | US$ 530 bi | US$ 720 bi | US$ 980 bi | 2,5% – 4,0% |
2050 | US$ 550 bi | US$ 800 bi | US$ 1 trilhão | 2,8% – 4,5% |
Indicadores de desempenho estratégicos para avaliação da competitividade
Redução do custo logístico para menos de 10% do PIB.
Elevar a participação brasileira em acordos comerciais para mais de 50% do PIB global.
Reduzir o tempo médio de desembaraço para menos de 24 horas (importação) e 12 horas (exportação).
Elevar exportações industriais para mais de 30% do total exportado.
Dobrar a participação brasileira nas cadeias de valor da Ásia e Europa.
Fatores que podem favorecer Brasil
Reindustrialização verde com vantagem energética.
Reorganização global de cadeias produtivas com redução da dependência da Ásia.
Modernização portuária privada em Santos, Itapoá, Pecém e Suape.
Avanço da reforma tributária e modernização aduaneira (DUIMP).
Para tanto devemos ampliar a infraestrutura integrada (portos, ferrovias, cabotagem), promover acordos de livre comércio com blocos estratégicos, incentivar a inovação e automação industrial
A simplificação radical de processos aduaneiros e a consolidação de hubs logísticos internacionais devem estar na pauta constantemente até alcançarmos o mínimo de competitividade em processos.
Em suma, o Brasil possui o potencial concreto de se tornar protagonista do comércio global. Entretanto, esse avanço depende de reformas estruturais, ampliação da abertura comercial e continuidade de investimentos logísticos. Caso tais fatores se alinhem, o país poderá alcançar papel central nas cadeias globais nas próximas décadas.
Investimento social em educação e formação de indivíduos capazes de lutar por melhores dias, ao invés de torcer contra e querer o pior para o país. Isto nos tornará competitivos e críticos ao mesmo tempo.




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