Logística portuária: Um avanço significativo rumo à excelência em atendimento e segurança nos portos brasileiros
- Paulo Corner

- 25 de ago.
- 5 min de leitura

Muito se fala que a nossa logística é sucateada, velha, não tem malha ferroviária eficiente, estradas sufocadas e em péssimo estado. Acontece que na prática vivemos tempos de expansão e nos igualamos aos países mais desenvolvidos do mundo.
Não é retórica nem saudosismo: somos uma potência, e os brasileiros devem acostumar-se a reconhecer e aplaudir os esforços dos canais logísticos brasileiros. Diante dos desafios e dificuldades econômicas, temos visto várias estruturas e mecanismos de suporte ao comércio internacional brasileiro.
Temos quatro regiões principais: norte, sul, leste e oeste. Não bastasse a gigantesca distância entre os polos comerciais nacionais, temos que cobrir grande parte destes deslocamentos com altíssimos seguros de carga, dos veículos, e até humanos.
E o que falar de nossos portos. Com escoamento quase no limite, vemos toda uma carga de processos e direcionamentos para os diferentes portos brasileiros, cada um com sua atividade e requisito.
Como nossa vasta costa atlântica é diversificada em sua geografia, as profundidades para calado variam.
O termo calado refere-se à profundidade máxima que um navio pode atingir em relação à linha d’água. No contexto portuário, é comum utilizar “calado operacional” ou “profundidade de acesso” para indicar a capacidade do canal e do berço de atracação.
Abaixo alguns exemplos:
Porto de Santos (SP)
Canal de acesso: dragado para 15,0 m (variável por trecho).
Calado operacional atual: em torno de 13,0 a 13,5 m para navios de grande porte.
Observação: é o maior porto do Brasil em movimentação de cargas; dragagem contínua é necessária para manter profundidade.
Porto de Paranaguá (PR)
Calado máximo autorizado: 13,10 m nos berços principais.
Canal de acesso: 14,5 m.
Observação: especializado em granéis (soja, milho, farelo) e contêineres.
Porto de Itaguaí (RJ)
Canal de acesso: até 22 m de profundidade.
Calado operacional: 15,0 a 15,5 m dependendo do terminal.
Observação: importante para minérios e contêineres.
Porto do Rio de Janeiro (RJ)
Calado após dragagem (2025): até 15,30 m no canal de acesso.
Profundidade mínima do canal: 16,2 m.
Observação: atende granéis líquidos, carga geral e contêineres.
Porto de Suape (PE)
Canal de acesso: 16,5 m.
Calado máximo permitido: 14,5 m em preamar.
Observação: porto industrial, com destaque para petroquímicos e derivados.
Porto de Santarém (PA)
Calado sazonal:
Cheia: até 16,00 m.
Estiagem: reduzido para 10,00 m.
Restrição: barra do Rio Amazonas limita calado prático a 11,50 m.
Porto de Niterói (RJ)
Canal de acesso: apenas 6 m.
Berços de atracação: profundidade até 7,5 m.
Observação: voltado a apoio offshore e embarcações menores.
Porto de Vitória (ES)
Retomou manobras‑teste para calado de até 12,5 m no canal de acesso e berços, com entradas variando entre 10,67 m e 11,5 m, e saídas entre 11,51 m e 12,0 m.
O plano mestre do PAC prevê aumentar o calado máximo permitido nos berços 101 e 102 para 12,5 m
Calado aéreo máximo permitido de 51,80 m, conforme normas da Capitania dos Portos Porto do Pecém (CE)
Profundidade natural que garante calado operacional de ~15,4 m, apto a receber navios Post‑Panamax e ULCVs (Very Large Container Vessels)
Em nota técnica, afirma-se entre 14 a 15,4 m de calado natural no terminal offshore
Exemplo prático: recebeu o navio MSC Jewel (366 m de comprimento, calado 16 m), confirmando sua capacidade acima de 15 m Porto de Itapoá (SC)
A profundidade passará de 14 m para 16 m com a dragagem e projetos de infraestrutura para canal de acesso à Baía da Babitonga, permitindo receber navios de até 400 m
Essa expansão estimula aumento de movimentação: cada metro adicional de calado externo poderia permitir até 2.000 contêineres a mais por navio
Quadro Comparativo Completo (Atualizado)
Porto | Calado Operacional (m) | Observações Técnicas |
Santos (SP) | 13,0 – 13,5 | Dragagem contínua; maior porto em movimentação. |
Paranaguá (PR) | 13,1 | Canal de 14,5 m; forte em granéis e contêineres. |
Itaguaí (RJ) | 15,0 – 15,5 | Canal profundo de até 22 m. |
Rio de Janeiro (RJ) | 15,3 | Calado pós-dragagem concluída em 2025. |
Suape (PE) | 14,50 (preamar) | Porto industrial e petroquímico. |
Santarém (PA) | 10 – 16,00 (sazonal); lim. ~11,50 | Variação conforme cheia/estiagem; barra impõe limitação. |
Niterói (RJ) | 7,50 | Voltado a apoio marítimo, com canal de acesso limitado. |
Vitória (ES) | até 12,50 | Manobras-teste: entrada 10,67–11,50 m; saída 11,51–12,00 m; previsão crescer. |
Pecém (CE) | ~15,40 | Terminal offshore com profundidade natural; apto a ULCVs e Post-Panamax. |
Itapoá (SC) | projetado 16,00 | Calado previsto após dragagem; permitirá navios de até 400,00 m. |
Considerações Técnicas Finais dos Portos Brasileiros
Porto de Santos (SP)
Ponto forte: Maior porto em movimentação de cargas da América Latina, multipropósito (contêineres, granel sólido, líquidos, carga geral).
Limitação: Calado operacional restrito (~13,00 m), inferior a outros portos de grande porte; depende de dragagem contínua.
Impacto: Competitivo em escala, mas limitado em navios de última geração (ULCV acima de 14–15,00 m).
Porto de Paranaguá (PR)
Ponto forte: Forte especialização em granéis agrícolas e posição estratégica no Corredor de Exportação.
Limitação: Calado de 13,10 m limita atracação de navios de maior porte; gargalo em picos de safra.
Impacto: Um dos mais eficientes em exportação de commodities, mas dependente de investimentos para suportar embarcações maiores.
Porto de Itaguaí (RJ)
Ponto forte: Canal profundo (22,00 m), permitindo navios com calado de até 15,50 m. Estruturado para minério e contêineres.
Limitação: Gargalo logístico terrestre (ferrovia/rodovia) e menor diversificação de terminais.
Impacto: Porto de alta capacidade técnica, apto a receber grandes navios sem limitações severas de calado.
Porto do Rio de Janeiro (RJ)
Ponto forte: Dragagem recente aumentou o calado operacional para 15,30 m, ampliando competitividade.
Limitação: Área restrita de expansão e limitações urbanas para crescimento da retroárea.
Impacto: Relevante em carga geral, granéis líquidos e contêineres, com melhoria significativa pós-dragagem.
Porto de Suape (PE)
Ponto forte: Profundidade de acesso de 16,50 m e calado operacional até 14,50 m; terminal offshore moderno.
Limitação: Restrição prática pelo regime de maré; infraestrutura terrestre em expansão, mas ainda em consolidação.
Impacto: Grande potencial como hub de transbordo e polo petroquímico; estratégico no Nordeste.
Porto de Santarém (PA)
Ponto forte: Porto estratégico na região amazônica, próximo da produção agrícola do Norte/Centro-Oeste.
Limitação: Calado sazonal (10–16,00 m), mas limitado pela barra do Amazonas (~11,50 m), comprometendo navios de grande porte.
Impacto: Fundamental para escoamento do Arco Norte, mas restrito tecnicamente para embarcações maiores.
Porto de Niterói (RJ)
Ponto forte: Especializado em apoio offshore e embarcações menores; calado adequado a esse perfil (7,50 m).
Limitação: Canal raso (6,00 m), inviabilizando operações de longo curso com grandes navios.
Impacto: Porto complementar, não competitivo em escala global, mas relevante para setor de óleo e gás.
Porto de Vitória (ES)
Ponto forte: Modernização em andamento; objetivo de atingir calado de 12,50 m. Localização estratégica próxima ao Sudeste.
Limitação: Atualmente abaixo de outros portos de grande porte em profundidade; ainda em fase de testes para ampliação.
Impacto: Potencial para crescer, mas dependente de dragagens e investimentos para atrair navios maiores.
Porto do Pecém (CE)
Ponto forte: Profundidade natural de até 15,40 m, sem necessidade intensiva de dragagem; apto a navios Post-Panamax e ULCVs.
Limitação: Distância dos principais polos consumidores (Sudeste e Sul); depende de integração ferroviária.
Impacto: Porto de alta capacidade técnica e de expansão; candidato a hub internacional de contêineres e energia.
Porto de Itapoá (SC)
Ponto forte: Projeto de expansão para calado de 16,00 m, permitindo receber navios de até 400,00 m. Porto privado eficiente.
Limitação: Ainda depende de dragagem concluída; canal da Babitonga pode ser gargalo.
Impacto: Após expansão, será um dos mais competitivos em infraestrutura do país, com padrão internacional.
Algumas particularidades dos portos brasileiros
Mais profundos e competitivos internacionalmente: Pecém, Itaguaí e Itapoá (pós-expansão).
Limitados por dragagem e sazonalidade: Santos, Paranaguá, Vitória e Santarém.
Função regional/nicho: Niterói (offshore) e Santarém (Arco Norte).
Estratégicos em seus eixos: Suape (petroquímicos e transbordo no Nordeste) e Rio de Janeiro (carga geral e contêineres).




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