O dólar americano como moeda de câmbio para o mercado financeiro global.
- Paulo Corner
- 6 de ago.
- 2 min de leitura
A ascensão, a consolidação e os desafios da moeda que ancora o sistema financeiro lobal.

O Dólar Americano: O Sol do Mercado Financeiro Global
Há mais de sete décadas, um sol artificial ilumina as praças financeiras do mundo: o dólar americano - USD.
Ele não é apenas uma moeda, mas um símbolo, um padrão, uma promessa e uma prisão, tudo ao mesmo tempo.
Como isso começou?
Em 1944, na pequena Bretton Woods, reuniram-se os estadistas e banqueiros para reordenar o mundo após duas guerras brutais.
Ali, com a poesia da vitória e a crueza do poder, os Estados Unidos impuseram ao globo seu tesouro: o dólar lastreado em ouro.
A partir daí, o dólar foi definido como a moeda de reserva mundial, enquanto todas as outras eram definidas em relação a ele.
Mesmo após 1971, quando Nixon rompeu a paridade ouro-dólar, este continuou a reinar, agora sustentado não mais por metal, mas por confiança (e pela força militar, econômica e diplomática dos EUA).
Por que o dólar é o câmbio do mercado financeiro?
1. Confiança e estabilidade
O sistema financeiro exige previsibilidade.
O dólar está atrelado à maior economia do mundo e ao mais profundo e líquido mercado de títulos: o Tesouro americano.
Nenhuma outra moeda possui um mercado tão amplo e confiável.
2. Petróleo e commodities
Desde os anos 1970, petróleo, trigo, soja, ouro, todas as grandes commodities são cotadas em dólares. Isso reforça a demanda pela moeda, mesmo por países que não simpatizam com Washington.
3. Infraestrutura financeira
A esmagadora maioria dos pagamentos internacionais ainda flui por sistemas americanos ou denominados em dólares (como o SWIFT ou as câmaras de compensação em Nova York).
4. Refúgio seguro
Em tempos de crise, todos correm para o dólar, que age como um porto em mar revolto.
O lado prático: para empresas e investidores
Reservas internacionais: Mais de 58% das reservas dos bancos centrais no mundo são em dólares.
Dívidas: Muitas dívidas soberanas e corporativas fora dos EUA são emitidas em dólar, o que cria dependência.
Taxas de câmbio: O dólar influencia não só as importações/exportações, mas também a inflação e o crescimento em dezenas de países.
Os desafios e as críticas
Por mais majestoso que pareça, o dólar carrega também uma sombra.
Países como China e Rússia desafiam sua hegemonia com iniciativas como o yuan digital ou sistemas alternativos ao SWIFT.
O peso do dólar nos mercados pode criar crises nos emergentes: basta o FED aumentar juros para secar o crédito mundo afora.
Há um movimento (ainda tímido) de desdolarização: negócios bilaterais em moedas locais, novos blocos (como os BRICS) e moedas digitais soberanas.
Para o autor deste artigo, o dólar é como uma catedral de pedra no centro da vila: antiga, sólida, imponente, mas não eterna. O mundo ainda orbita ao seu redor porque não encontrou outro eixo tão firme. Quem navega no comércio exterior, nos mercados financeiros ou nas tesourarias corporativas deve respeitar seu poder, proteger-se de suas oscilações e preparar-se para um futuro, talvez, mais multipolar.
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